Varal de Cordéis Joseenses

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sábado, 26 de junho de 2010

Correspondência poética (Zenilda Lua - P. Barja)

Zenilda é uma pessoa maravilhosa, que tem uma família incrível e escreve com a maior suavidade. No dia do evento na Câmara dei pra ela um rascunho simples, e agora ela me manda essa pérola, que publico e respondo porque beleza é pra ser multiplicada, compartilhada, com generosidade. Poesia tem que ser pra isso: tornar o mundo um lugar melhor. Obrigado, Zenilda!

Meu amigo Paulo Barja
lhe peço de coração
pra não ficar magoado
com minha declaração
eu perdi o seu bilhete
já sofro faz um tempão

aquela noite na Câmara
foi de tanto alumbramento
que peguei o seu bilhete
e num livro guardei dentro
pra quando chegasse em casa
reler em contentamento

antes de chegar em casa
meu sentido palpitou
junto com o seu bilhete
dois cartões de outro doutô
aonde estavam os cartões?
procurei por todo canto
juro não adiantou

pedi ajuda ao Poeta
e a Brisa por caridade
aonde tinha um papel
eles se certificavam
remexeram, reviraram
com cuidado e nada acharam

Bem cedo voltei à Câmara
quinta-feira de manhã
procurando seu bilhete
com dois guardas e uma irmã
responsável da limpeza
a mais simpática cristã

Disse cantar numa igreja
da ordem pentecostal
também escreve poemas
e achou de tudo mal
perder um bilhete assim
de pessoa essencial

Viramos saco de lixo
fiapo, bolo, café
papel de bala, convite
panfleto, doce, chiclet
e nada do seu bilhete
me despedi da mulher

Fiquei pensando comigo
que falta de solução
como vou dizer ao Paulo
por quem tenho estimação
amizade e respeito
que perdi o seu bilhete
ou falta de atenção!

Pedir desculpas não vale
a falha está comprovada
pedir que escreva de novo
ou coisa desnaturada
mas compreenda contudo
guardo uma culpa danada...

a amizade é segura
o bem querer é de certo
a esperança me acode e
a felicidade dobra
quando vocês estão perto.

Para encurtar o assunto
e minimizar a dor
causada pela ausência
do bilhete que voou
desapareceu, sumiu
ou alguém o encontrou...

Peço desculpas cativa
enternecida por dentro
se achasse esse bilhete
costurava ele no centro
com fio de seda sonora
flor de amora e coentro.

- Zenilda Lua


Querida Zenilda Lua,
Reginaldo, meu poeta,
sorridente Brisa Almeida,
família linda e correta,
nossa amizade, já forte,
cada dia é mais completa.

Eu tinha feito uns versinhos
simples, sem grande elegância...
você perder o bilhete
não tem nenhuma importância!
Sua resposta iluminada,
essa, sim, tem relevância:

Tanta nobreza por dentro
transparece, acaricia;
somos felizes, amigos,
pois em nosso dia-a-dia
cultivamos no jardim
alfazemas e poesia.

Nenhum papel nesse mundo
vale o que vocë lamenta!
Amizade não se perde,
beleza se reinventa
e a fogueira da poesia
nosso coração esquenta.

Vamos então semeando
verso puro, rima clara,
plantando no coração
a felicidade rara:
os amigos de verdade
nenhum bilhete separa!

- P. Barja

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