Varal de Cordéis Joseenses

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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

CJ 83 - Quando é Tempo de Eleição


Arte de Lucaz Mathias (Cão)

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
o trânsito até piora,
de tanto que a toda hora
há uma inauguração:
vias, praças... por que não?
Mesmo a obra em andamento
recebe, em meio ao cimento,
uma placa bem bonita.
Por isso eu peço: reflita
sobre esse acontecimento.

Político de carreira
joga dinheiro pro alto:
tudo ganha novo asfalto.
Não precisa? Que besteira!
A claque agita bandeira
e seu troco vai ganhando.
Político passeando
acena muito, à vontade
- pintou oportunidade,
  sai logo cumprimentando.

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
todo semáforo é isso:
político que era omisso
vem apertar nossa mão.
Riscam a palavra “não”
lá do seu vocabulário;
prometem um dicionário
de coisas lindas e belas.
Acenam pelas janelas...
Pensam que o povo é otário!

E os santinhos? Quem aguenta?
Entopem até os bueiros.
Recursos eleitoreiros,
discursos que se requenta...
Tudo isso a gente enfrenta
exercendo a tolerância,
mas quero boa distância
de quem pressiona por voto,
pois não sou nenhum devoto
da pressa nem da inconstância.

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
se, na hora de almoçar,
a TV você espiar,
vai ter muita decepção.
Eu já dou a explicação:
é o horário eleitoral,
que pra mim pega bem mal
se não debatem propostas
- depois vão virar as costas
  pro eleitor, pobre mortal.

Número de candidato
é o que mais se enfatiza
só para ver se enraíza
no cérebro. Como é chato!
Parece até carrapato
grudando em quem menos pensa
e transmitindo doença:
a tal “desinformação”.
QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
pensar faz a diferença!

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
tudo é sentimentalismo:
“Mesmo que eu caia no abismo,
 vou defender meu rincão!”
Nós bem sabemos que não:
o sujeito fala assim
porque sabe que, no fim,
consegue mais uns votinhos.
Chega a pisar em espinhos
pra se eleger, vai por mim!

Alguns posam de bonzinhos,
mas são reis do preconceito:
não quero um desses eleito
com seus discursos mesquinhos!
Queremos novos caminhos:
respeito à diversidade,
livre expressão da vontade
e poder de decisão.
QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
queremos sinceridade!

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
tudo se escreve na areia;
eu acho uma coisa feia,
mas eles não acham não,
pois mudam de opinião
conforme seus marqueteiros,
que ensinam golpes certeiros
para agradar ao mercado,
deixando às vezes de lado
interesses brasileiros!

Velho sinal de campanha
é a dieta do político:
mastigando ansiolítico
como se fosse castanha,
aceita tudo que ganha,
repete almoço e até
as xícaras de café
toma doze sem demora...
depois diz “Não tenho hora
pra comer, sabe como é?”

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
muita coisa se promete:
em tudo “os cabra” se mete,
pra tudo tem solução...
mas, depois da apuração,
aí são outros quinhentos:
os preços sofrem aumentos,
surgem as dificuldades,
apaziguam-se as vontades,
e amontoam-se os lamentos.

Tudo isso nos desconcerta,
desanima e dá temor,
mas apelo ao eleitor:
investigue! Siga alerta!
Jamais adote a incerta
e insensata opinião
de achar que é tudo ladrão.
“Fora todos”? Não, diacho!
no meio de tanto escracho,
sempre se encontra exceção.

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
impressiona mal a mim
gente que só diz assim:
“Eu sou contra a corrupção!”
Não tem outro assunto não?
Esse papo é mais furado
que agenda de deputado
que na câmara só falta
e solta a desculpa incauta:
“É emenda de feriado...”

Candidato que se cala
sobre inclusão social,
mas acha muito normal
ir a jantares de gala,
não tem plano e nunca fala
sobre o apoio à Cultura,
quer voto na cara dura
mas comigo está ferrado
- e não voto no safado
  que elogiar ditadura!

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
fique atento à inconsistência
de quem defende a violência
e vem dizer que é cristão.
Esse não me engana não!
Não voto nem por decreto
em quem humilha os sem teto
e ofende mulher ou gay,
descumprindo assim a lei
- e ainda jura que é correto!

Por fim, pesquise direito
quem é candidato a vice,
pra não ouvir “eu te disse!”
depois de acabado o pleito...
Pra vice ruim não tem jeito:
pode até espernear
mas, pra não ter que aguentar,
melhor dizer “ELE NÃO!”
já bem antes da eleição
– não se pode bobear.


P. R. Barja

CJ 82 - Cordel do Serviço Social




O dia 15 de Maio
é uma data especial
em que a gente homenageia
um lindo profissional,
pois essa data é o dia
do Assistente Social.

Na faculdade, escutamos
professora e professor
que falam da profissão
com leveza e bom humor
- marcas de todo Assistente
  que trabalha com amor.

Afinal, o que queremos?
Desafios pra enfrentar:
não calar frente à injustiça,
tudo fazer pra mudar
e pra melhorar o mundo,
a cidade, o bairro, o lar.
(...)


- trecho inicial do cordel

sábado, 15 de setembro de 2018

Décimas para Gero

Com a vinda de Gero Camilo para a FLIM, aqui em São José dos Campos, era inevitável que a poesia se derramasse:


A Vida fica mais bela
e o Brasil, mais brasileiro
quando aqui nesse terreiro
aparece na janela
Adriana Couto. É ela,
sempre um sorriso no olhar,
que chega pra anunciar
um cabra que vale xilo:
o grande Gero Camilo
que veio nos visitar.

O Brasil é grande assim,
do Ceará à Paraíba:
vem por baixo, vai pra riba,
mora em você, mora em mim.
Esse Brasil não tem fim,
por mais que tenha inimigo;
nós protestamos, eu brigo,
posso até perder o centro,
mas trago sempre aqui dentro
o país que é meu abrigo.

Gero diz grande verdade
já no primeiro momento:
"Penso que o distanciamento
  me trouxe profundidade."
Poeta, canta à vontade
e acerta em nós sua seta.
Chama então outra poeta:
Maria Vilani diz:
“Grajaú é o meu país!”
Eis a verdade completa!

Mas poesia é mesmo time:
pessoal e coletiva.
Se mantém a voz ativa,
é em grupo que se redime.
Isso não é nenhum crime,
como posso constatar:
no interior e no ar
vive a poesia de Hilda;
quem traz Adélia é Zenilda
cotidiano a brilhar.

Beleza que não se inventa:
Paulo Freire segue em nós.
Maria aprumou a voz;
foi estudar aos 40!
Talento que assim se esquenta
é uma receita de bolo
que se improvisa e dá rolo
porém tem final feliz...
Essa mulher hoje diz:
“Eu sou a mãe do Criolo!”

“Minha primeira leitura
Foi um livro manuscrito",
disse Gero. Que bonito
é o processo da Cultura!
Biblioteca, que loucura:
pelo título escolhia
e, a cada livro que lia,
aprendia, o que é normal;
o seu referencial
ele aos poucos construía.

Percebeu assim, arisco:
faltava protagonismo
pra ele naquele abismo
de clássicos. Vida é risco!
“Quem sabe agora eu petisco,
lá na USP arrumo vaga...”
Poeta às vezes se caga,
porém não desiste não:
escreveu A Procissão,
que até hoje bem lhe paga!

Simplicidade é um dom
que pra sempre nos cativa.
Poeta vive à deriva,
mas isso pode ser bom.
Quando atua ou faz um som,
gera no peito escarcéu
e leva a gente pro céu
lendo quarteto e terceto;
comprou livro de soneto
com a grana do aluguel!

Nesse encontro literário,
meus versos eu ofereço
àqueles que não tem preço
e compõem meu relicário.
Gero é extraordinário
porque é próximo da gente.
Sua presença é um presente
e nos renova a esperança
de um Brasil que inda é criança
mas já fica experiente.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Cordéis Joseenses no I CONEFEA - Congresso Nacional de Educação

Em setembro/2018, os Cordéis Joseenses estiveram presentes no I Congresso Nacional de Educação - CONEFEA, promovido pela UNIVAP no Campus Urbanova. Tivemos uma mesa para exposição e venda de livros e cordéis, e no dia 5/set/2018 apresentamos um trabalho sobre os temas escolhidos pelos alunos em oficinas de cordel ministradas:



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