Varal de Cordéis Joseenses

Contato: prbarja@gmail.com

(Sugestões de temas são bem vindas!)



sexta-feira, 25 de maio de 2012

A força da mulher na sociedade


(uma contribuição dos Cordéis Joseenses para a Marcha das Vadias - S.J.dos Campos, 2012)


Ao ver que uma mulher comandaria
o voo em que iria viajar,
um homem no avião pôs-se a falar
que desse jeito não viajaria!
Nervoso, o cara fez tal baixaria
que foi vaiado e expulso do avião;
ficou assim, com a cara no chão
depois do gesto besta e impensado
- Há muito tempo já ficou provado
  que o preconceito nunca tem razão!

A nossa sociedade quer mudar:
já tem até mulher na Presidência!
Porém, ainda existe violência,
assédio e opressão – têm que acabar!
Pergunto agora e não vou me calar:
se ao homem não se nega
a liberdade
pra ir e vir como tiver vontade,
por que mulher é sempre censurada?
- Há muito tempo já está demonstrada
  a força da mulher na sociedade!

Machismo, meu irmão, é coisa triste:
não cabe num país modernizado.
Por mais que as coisas tenham melhorado,
o fato é que o machismo ainda existe!
Pra todos nós, é bom que se conquiste
respeito por igual, pra ser feliz!
Salário equivalente: ator e atriz
vão juntos para o palco e dão o show
- Há muito tempo já se demonstrou
  a força da mulher nesse país!


P.R.Barja
(com orgulho da juventude joseense!)
para a "Marcha das Vadias"
de São José dos Campos,
sábado, 26/05/2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Décimas para Zenilda

 
Às vezes sinto a paz ameaçada
ao escutar discursos e sermões;
mas sei, também, dar belos safanões
em quem critica muito e não faz nada...
Eu tenho a alma desassossegada,
por isso é que festejo a ALEGRIA
que sinto ao receber toda POESIA
que chega dessa amiga tão valente:
Zenilda é verso puro, minha gente,

e vale muito mais que academia!

Mantemos nossos braços sempre abertos
pra Lua, companheira de jornada
que junto às flores faz sua morada,
enchendo de alfazema até os desertos.
Aos invejosos, digo: fiquem certos
de que essa minha amiga, todo dia
conduz a VIDA assim, com maestria,
é doce e não a quero diferente:

Zenilda é verso puro, minha gente,
e vale muito mais que academia!

P.R.Barja

domingo, 20 de maio de 2012

Purgatório em Procissão - lançamento


No último dia 19 de maio, foi feita a leitura inaugural do Cordel Joseense "Purgatório em Procissão", na programação da Rádio Aguapé, organizada por Cesar Pope aos sábados de maio na Praça Afonso Pena, no centro de São José dos Campos.

Lançamento do Cordel Joseense n.41, na Praça Afonso Pena

Seguem as estrofes iniciais do cordel:

PURGATÓRIO EM PROCISSÃO
(Deus e o Diabo na terra dos homens)

Esse caso interessante
inda vai ficar notório:
é a história do que houve
quando o próprio Purgatório
ficou cheio - cheio mesmo! -
de gente vagando a esmo
por esse reino ilusório.
  
No dia em que o Purgatório
alcançou a lotação,
começou por todo lado
a mesma reclamação:
"Na Terra e aqui de novo,
quem se espreme é sempre o povo,
pela força da opressão!"

(...)
P. R. Barja

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cordel Joseense n.41 - Purgatório em Procissão


Já foi para a gráfica o Cordel Joseense n.41, com capa feita a partir de uma xilogravura do amigo e parceiro Dalmo Sérgio:


Depois de vários Cordéis Joseenses falando sobre Céu e Inferno, já estava mais que na hora de escrever sobre o Purgatório...
Não percam!

domingo, 6 de maio de 2012

Cordel-rap do Teatro Invertido

São José dos Campos, 2012: aqui deveria haver um teatro

Parabéns ao prefeito
Nessa data INVERTIDA
Muita obra embargada
Muita verba indevida

Tá fazendo 4 anos
Tá fazendo aniversário
Que o teatro prometido
Foi nascendo ao contrário
A promessa do prefeito
É um furo milionário

Quanto ao Benedito Alves*,
O teatro no Banhado,
Fazem mais de 8 anos
Que o teatro tá fechado
E o Mané** que prometeu
“Ficha Suja” foi julgado

Tá na hora, tá na hora
De dizer uma verdade:
Tem que ter casa e cultura,
Inverter prioridade!
Chega de gastar dinheiro
Maquiando essa cidade!
 
* - Cine-Teatro Benedito Alves, com reabertura prometida para 2003 e fechado até hoje;
** - referência ao ex-prefeito Emanoel Fernandes
P. R. Barja

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cordel do Pinheirinho (texto integral)


(Obs.: o texto foi escrito logo após a invasão policial no bairro Pinheirinho, de São José dos Campos, que aguardava regularização. Reitero que não é de nosso interesse criticar organizações e/ou pessoas que "aprovem" ou "desaprovem" o texto em si. Apenas acredito na literatura, e no cordel em particular, como forma de expressão democrática e libertária. Com vocês, o texto:)

CORDEL  DO  PINHEIRINHO

Moro em São José dos Campos
- Campos de Concentração.
Para o rico, tem de tudo;
para o pobre, humilhação:
mesmo quem trabalha muito
é chamado de ladrão.

Muita gente lê notícia
que já chega censurada;
pela tela da TV
acaba sendo enganada
e a verdade, minha gente,
precisa ser relatada.

Vou falar do Pinheirinho
e dos fatos que conheço:
dessa gente tão sofrida
que perdeu seu endereço.
Para não ser leviano,
vou contar desde o começo.

A família de alemães
que era dona do terreno
e tinha um temperamento
reservado, até sereno,
foi todinha assassinada
deixando um mistério pleno:

Será mesmo que assassinos
vieram só pra roubar
o dinheiro que a família
poderia ali guardar,
ou visavam o terreno
para dele se apossar?

Como não havia herdeiros,
ficou tudo pro Estado,
mas, 12 anos depois,
um fato mal explicado:
Naji Nahas virou dono
do terreno abandonado.

Mas, por mais de 20 anos,
Nahas nada construiu
no terreno que a “Selecta”,
sua empresa, assumiu.
Também não pagou impostos
e sua empresa faliu!

Faliu porque Naji Nahas
emitiu cheques sem fundo
e na Bolsa de Valores
prejudicou meio mundo,
deixando assim no mercado
um rombo muito profundo.

O terreno Pinheirinho
seguia sem ter ninguém.
Só mesmo em 2004
chegou gente ali - mas quem?
Trabalhadores sem teto,
gente assim, que pouco tem.

Gente, porém, com vontade
de viver e trabalhar;
com desejo de uma casa
muito simples pra morar.
Só queriam ser felizes,
sem ninguém atrapalhar.

Temos que lembrar agora
nossa Constituição,
pois nenhuma propriedade
pode ficar sem função
social; caso contrário,
vem desapropriação.

Com o povo, enfim, a terra
tinha função social,
porém essa ocupação
ainda era ilegal:
o governo precisava
manifestar-se, afinal.

Passaram-se 8 anos
e a ocupação cresceu.
Prefeito? Governador?
Nenhum deles resolveu
e a “Justiça Estadual”
nessa hora apareceu.

Mandou devolver as terras
para o especulador
preso por formar quadrilha
e também sonegador;
Nahas era assim, mas teve
a juiza a seu favor!

Essa decisão estranha
aterrorizou o povo
mas a juiza dizia
que somente um “fato novo”
mudaria a decisão,
sendo de Colombo um ovo.

O Governo Federal
propôs então ao prefeito
desapropriar a terra,
pois seria esse o jeito
de evitar a violência,
fazendo tudo direito.

Mas o que não se esperava
aconteceu nessa hora,
pois o prefeito sumiu
- simplesmente foi-se embora -
e o que se viu em seguida
a gente lembra e já chora.

Em 22 de janeiro
de 2012, às 6,
a polícia militar
invadiu, vejam vocês,
as terras do Pinheirinho
e o massacre assim se fez.

Foram bombas, muitas bombas
e também gás de pimenta;
centenas de tiros dados
contra o povo – quem aguenta?
Repressão ao cidadão:
ação brutal e violenta.

Mais de 5000 pessoas:
multidão desabrigada.
Gente simples, cuja vida
foi vilmente destroçada.
Teve a casa destruída:
tinha pouco; não tem nada.

Abrigados em ginásios,
numa igreja, numa tenda,
agredidos e humilhados
numa ação cruel e horrenda.
Por mais que eu tente entender,
não conheço quem entenda.

O governador do Estado,
em meio à calamidade,
declarou, muito tranquilo,
pra toda sociedade:
“Dou aluguel social,
 mas preservo propriedade.”

O tal “dono do terreno”
e a juiza, sem demora,
mostraram-se satisfeitos,
estão rindo até agora
- mas, enquanto um ladrão ri,
  tem muita gente que chora.

Meu povo: será que a vida
vale menos que o dinheiro?
Um bandido milionário
vale mais que um povo inteiro?
E a justiça, onde se esconde?
Qual é o seu paradeiro?


P inheirinho ainda existe;
R esiste dentro de nós.
B ravamente, Pinheirinho
A ssimila dor atroz,
R asga o nosso coração,
J ustifica ocupação,
A limenta nossa voz.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Cordéis na Mantiqueira - pela democratização da literatura


No final de maio, os Cordéis Joseenses participam do Festival de Mantiqueira de Literatura, que ocorre anualmente em São Francisco Xavier. Teremos, na tarde do dia 26/5, bate-papo e lançamento dos folhetos "O Sujeito que Vendia..." e "Sonetos de Amor e Cuidados". Quanto ao "Cordel do Pinheirinho", também inscrito para lançamento no evento, sua inscrição foi recusada pela organização.

Certamente isto se deve ao fato de ser um cordel que assume uma posição claramente contrária à do Governo do Estado de SP na questão Pinheirinho. Aos que possam alegar que a obra foi recusada simplesmente por ter "qualquer" conotação política, gostaria de deixar registrado o uso de dois pesos e duas medidas. Isso porque, em 2011, foi feito no mesmo evento (e no mesmo espaço) o lançamento de um livro que ofendia a presidente Dilma de modo bastante vulgar. E isso foi permitido, claro, em nome da democracia. O interessante é que o tal livro de trovas não apresentava crítica política: apenas ofendia, mesmo!
"Cordel do Pinheirinho" questiona o uso do aparato policial do Estado de SP contra os cidadãos - mas em nenhum momento ofende quem quer que seja. Por isso, faremos a leitura do cordel na praça de São Francisco Xavier ou onde seja possível. Não será um "ato oficial", naturalmente, pois temos que respeitar a organização do Festival, à qual nos submetemos ao inscrever as obras. Trata-se apenas de viabilizar a possilidade de que o público tenha contato com a obra em si - e possa fazer seu próprio julgamento, livremente.