Fiz o poema abaixo para registrar o momento atual vivido na cidade de São José dos Campos, onde a população (jovens estudantes, principalmente) aos poucos vai acordando para a necessidade de manifestação nas ruas, contra os abusos de tantos (mas não todos, importante que se diga) políticos locais. Temos que estar muito atentos às questões ambientais, e o poema fala disso também, fazendo a ponte com a Seca do Sertão, tema de "A Seca da Alma", performance teatral que estamos apresentando por aqui:
A SECA D´ALMA É TÃO DURA
QUANTO A SECA DO SERTÃO
No galope cavalgamos
criando nossa poesia
porém, nesse dia-a-dia
é nossa dor que cantamos;
muitas vezes trabalhamos
sem ganhar nenhum tostão,
enquanto muito ladrão
aumenta a própria fartura
- A seca d´alma é tão dura
Quanto a seca do sertão.
O transporte anda pra trás,
teatro é abandonado
e o Banhado é vitimado
por crimes ambientais.
Já ninguém aguenta mais:
vão aprovar a extração
de areia em votação
no meio da noite escura?
- A seca d´alma é tão dura
Quanto a seca do sertão.
Não dá pra aceitar de novo
essa velha ladainha:
distribuem a farinha
mas privatizam o ovo!
Há quem se lembre do povo
só na hora da eleição,
mas nossa reclamação
tanto bate até que fura:
- A seca d´alma é tão dura
Quanto a seca do sertão.
A ideia é usar esse poema também no início da performance teatral "A Seca da Alma", em que discutimos a situação dos nordestinos que, após sucessivas secas no sertão, acabaram migrando para o Sudeste em busca de oportunidades. Essas pessoas trabalharam e batalham muito, aqui ao nosso lado, e merecem respeito e aplauso. Por fim: VIVA A POESIA CIDADÃ - utilitária, sim, como diria o grande Moacyr Pinto, mas essencial para o bom combate.
Grande abraço, Paulo. Tudo de bom sempre!
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